Muitas vezes não são as palavras em si que interessam
o som que as preenche, seu sentido
Às vezes o intervalo entre uma e outra
entre um verso e outro
é que dizem do tempo
vejo um bando de pardais em uma árvore de eucalipto
à noite as ruas ficam desertas e iluminadas pela iluminação artificial
sento-me de frente a uma escola
do outro lado está a prefeitura
e no outro a rádio da cidade
a praça tem um anjo de luz com uma trombeta
parece que está a anunciar os acontecimentos de 2012
pelo que tem sido dito e propagado
contemplo tudo com a tensão de quem anda
- descanso ao andar -
o silêncio me preenche
...
interrompido apenas por alguns casais que passam suavemente rumo à praça da igreja
...
imagino cenas na praça
vejo-me sentado
imóvel
como a imobilidade mexe conosco
também o silêncio
é deste silêncio que vem a criação
é dele o sonho
a ventania
os astros celestiais
cidade de silêncios
meu interesse cresceu ao vir trabalhar aqui
acho que posso parir melhor
os nascimentos que gestei aqui
posso nascer melhor o que silenciei tanto tempo
sem desesperos
encontrando minha tensão harmônica
posso anunciar meu silêncio.
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esse silêncio não ausenta as sociabilidades
nem deixa de incluir os conflitos e necessidades de busca
esse silêncio não é tão neutro quanto pode parecer
no entanto, ele vê sereno
o que antes não se via organicamente
o ruído externo
e iterno
não permitiam sua presença
agora:
aprendendo a ser e estar
o silêncio nos acompanha em mais um som
assim nasceu essa partilha
domingo, 18 de dezembro de 2011
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